Na tradição hindu,
Shiva é o destruidor. Na verdade ele destrói para construir algo novo, assim,
prefiro chamá-lo de "renovador" ou "transformador". Suas
primeiras representações surgiram no neolítico (4.000 a.C.) na forma de
Pashupati, o Senhor dos Animais.
A criação do Yoga é atribuída a ele e o Yoga é uma prática que produz
transformação física, mental e emocional, portanto, está intimamente ligado ao deus
da transformação. Shiva é o deus supremo (Mahadeva), o pacífico (Shankara) e o
benevolente, onde reside toda a alegria (Shambo ou Shambhu).
Shiva está
intimamente associado ao fogo, esse elemento representa a transformação. Nada
que tenha passado pelo fogo, permanecerá o mesmo: o alimento vai ao fogo e se
transforma, a água se evapora, os corpos cremados viram cinzas. Assim, Shiva
nos convida a nos transformarmos através do fogo do Yoga. O calor físico e
psíquico que essa prática produz nos auxilia a transcender nossos próprios
limites.
SIGNIFICADO DO OM
Essa sílaba única,
Om, vem dos Vedas. Como uma palavra sânscrita, significa avati raksati - aquilo
que lhe protege, lhe abençoa. Como se dá essa proteção? É um mantra e é um nome
do Senhor.
O nome do Senhor
lhe protege através da repetição do próprio nome. Pelo nome você reconhece o
Senhor. E, portanto, é reconhecimento em forma de oração. Sendo um mantra, ele
é repetido, e, portanto, torna-se uma prece. O Senhor é o protetor e o
provedor; aquele que abençoa é o Senhor; o Senhor é na forma de bênção.
Repetido Om, você invoca o Senhor naquela forma específica. Então, dessa
maneira, Om lhe protege. Portanto, ele é fiel a seu nome. É o Senhor que lhe
protege, e não o som.
Entre o nome e o
Senhor há uma ligação (abhidhána abhidheya sambandha). Um é o nome, o outro é o
seu significado. A conexão é que você não pode repetir o nome sem o significado
dele, se você o conhece. Uma vez conhecido o significado, este vem para sua
mente, assim como a palavra. Portanto, não são duas ações diferentes. Não
ocorre primeiro a palavra e depois de algum tempo o significado. Se você
conhece o significado quando a palavra aparece na sua mente, no mesmo instante
o significado está lá. Isso é possível somente quando ambos estão interligados.
Essa conexão é chamada abhidhána abhidheya sambandha. E, por causa desse
sambandha, o nome protege você, e o Senhor também.
O Senhor é Um e
não-dual. Isso é o que dizem os Vedas.
Om iti idam sarvam
yat bhútam yat ca bhavyam bhavisyat iti
O que existia antes, o que existirá depois e o que existe agora.
O que existia antes, o que existirá depois e o que existe agora.
Tudo isso, sarvam,
é realmente Om. Tudo o que existe é Om. Tudo o que existiu é Om, e também tudo
o que existirá depois, no futuro. Passado, presente e futuro, incluindo o tempo
e tudo o que existe no tempo - tudo isso é Om. Aquele Om é Brahman. Portanto, o
Senhor é não-dual, e esse não-dual é Um. A sílaba é também uma e não-dual,
significando que tudo está dentro dela. E tudo está dentro de Om.
Portanto, é também
uma contemplação. Pois, apesar de Om ser uma sílaba única, nela existe A, U e
M. A mais U é O, um ditongo, e mais M é Om. Tem, portanto, três mátras, ou
unidades de tempo. A é um mátra, U é outro e M mais outro. Brahman é sarvam
(tudo) e também está na forma de três.
Essas três letras correspondem, segundo a Maitrí Upanishad, aos três estados de consciência: vigília, sono e sonho: "este Átman é o mantra eterno Om, os seus três sons, a, u e m, são os três primeiros estados de consciência, e esses três estados são os três sons" (VIII).
Essas três letras correspondem, segundo a Maitrí Upanishad, aos três estados de consciência: vigília, sono e sonho: "este Átman é o mantra eterno Om, os seus três sons, a, u e m, são os três primeiros estados de consciência, e esses três estados são os três sons" (VIII).
O mantra mais
importante de todos é o Om. Se diz que ele contém o conhecimento dos Vedas e se
considera o corpo sonoro do Absoluto, Shabda Brahman. O Om é o som do Infinito
e a semente que fecunda os outros mantras. A Mandúkya Upanishad começa dizendo
que "o Om é o mundo inteiro. O passado, o presente, o futuro: tudo é o
mantra Om". As Escrituras contam que o mantra Om, amplificado na caixa de
ressonância do vazio primordial, se propagou até criar o espaço e as galáxias.
Segundo o
Taittiriya Brahmana, foi a vibração, o movimento, o que engendrou os primeiros
ritmos no cosmos. Alguns milênios depois, o professor Fred Hoyle, da
Universidade de Cambridge, deu a essa primeira vibração expansiva o nome de big
bang, a grande explosão inicial, a partir da qual começou a manifestação do
Universo. Antes do big bang, a sede dos mantras é paramákásha, o espaço
primigênio, o eterno e imutável substrato do Universo do qual, através da
palavra, se manifestou a criação. O leitor seguramente conhece a afirmação do
Evangelho segundo São João: "no início era o Verbo". E o Verbo era o
big bang!
"O
pranava - o mantra Om - é a jóia principal entre os outros mantras;
o pranava é a ponte para atingir os outros mantras;
todos os mantras recebem seu poder do pranava;
a natureza do pranava é o Shabda Brahman (o Absoluto).
o pranava é a ponte para atingir os outros mantras;
todos os mantras recebem seu poder do pranava;
a natureza do pranava é o Shabda Brahman (o Absoluto).
Escutar
o mantra Om é como escutar o próprio Brahman, o Absoluto.
Pronunciar o mantra Om é como transportar-se à residência do Absoluto.
A visão do mantra Om é como a visão da própria forma.
A contemplação do mantra Om é como atingir a forma do Absoluto."
Pronunciar o mantra Om é como transportar-se à residência do Absoluto.
A visão do mantra Om é como a visão da própria forma.
A contemplação do mantra Om é como atingir a forma do Absoluto."
Mantra
Yoga Samhitá, 73.
O Om é a vibração
que emana da voragem primordial da criação. O Om é uma flecha, um traço de luz
lançado pelo arco da consciência, que atravessa as trevas da ignorância em
direção ao alvo, o Imanifesto:
"Segure
o arco das escrituras, coloque nele a flecha da devoção;
tensione a corda da meditação e acerte o alvo, o Ser.
O mantra é o arco, o aspirante a flecha, o Ser o objetivo.
Estique agora a corda da meditação,
e atingindo o alvo, seja uno com ele." - Mundaka Upanishad, II:12
tensione a corda da meditação e acerte o alvo, o Ser.
O mantra é o arco, o aspirante a flecha, o Ser o objetivo.
Estique agora a corda da meditação,
e atingindo o alvo, seja uno com ele." - Mundaka Upanishad, II:12
O yantra, o
símbolo, é o equivalente gráfico do mantra. O mantra é a alma do yantra e este
por sua vez funciona como uma ferramenta para concentrar a consciência sobre o
princípio que simboliza. A imagem se sobrepõe à vibração e se funde com ela. O
símbolo é a representação da fonte de todas as manifestações, a pulsação
criativa que engendra os mundos.
Na Índia, o mantra
Om está em todas partes, em todas as casas e comércios, pintado nos muros e
carros, onipresente na paisagem. Hindus de todas as etnias, castas e idades
conhecem perfeitamente seu significado. Ele ecoa desde a noite das idades em
todos os templos e comunidades ao longo do subcontinente.
"Om.
Conduza-me da falsidade à Verdade. Das trevas da ignorância à Luz.
Da morte à imortalidade. Que todos tenham saúde.
Que todos vivam em paz. Que todos vivam em plenitude.
Que todos tenham uma vida auspiciosa.
Que o Universo viva em estado de felicidade."
Brhad Aranyaka Upanishad, I:3.28
Da morte à imortalidade. Que todos tenham saúde.
Que todos vivam em paz. Que todos vivam em plenitude.
Que todos tenham uma vida auspiciosa.
Que o Universo viva em estado de felicidade."
Brhad Aranyaka Upanishad, I:3.28
Hanuman, simboliza
a devoção e força vital.
“O
homem inteligente extrai a essência do conhecimento de todos os lugares, assim
como a abelha coleta o néctar de cada flor.” Bhagavatam, IV:18.2
Hanuman, Rama e
Sita.
Sri Ganesha faz
abhaya mudra, o gesto para dissipar o medo.
O
que significa Namastê?
Namastê é o cumprimento em sânscrito que usamos no final da prática e significa
"a minha essência saúda a sua essência". Essa saudação invoca a
percepção de que todos compartilhamos da mesma essência, da mesma energia e,
portanto, não há distinção ou competitividade entre os praticantes. O Yoga nos
ensina a ver nos outros um reflexo de nós mesmos: alguém que também chora, ri,
sofre e ama como nós. Assim, desenvolvemos a compaixão e a conexão com tudo o
que nos rodeia.
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